O Mundo bem poderia ser Paraíso
O Mundo bem poderia ser Paraíso.
Se nos lembrássemos, se escutássemos a bela melodia que toca eterna dentro do nosso coração.
Bem lá no meio de um oceano infinito, há uma ilha remota, isolada e verdejante. Uma ilha de beleza inimaginável. Um lugar de magia. Berço de Luz.
Estrelas enchem o céu noturno e uma brisa, límpida e amena, sopra tranquila.
Ela caminha descalça por entre as árvores. O tapete de erva é macio sob os seus pés e os seus longos cabelos brancos caem-lhe soltos como um véu. E, a cada passo iluminado pela lua, delicadas flores de jasmim beijam cada fio de cabelo, perfumando-o com o seu aroma doce.
O seu vestido branco rendilhado, quase diáfano, deixa entrever as curvas suaves do seu corpo etéreo e ela segue pelo bosque pintado de leves raios prateados, inspirando o ar fresco da noite.
Os seus lindos olhos cinzentos têm o brilho dos sonhos e, dentro de si, guarda a sabedoria do Mundo, os mistérios da Vida.
Ela é a Deusa Mãe, Criadora de Luz.
No topo da colina, rodeada de frondosos salgueiros ancestrais, ela prepara-se para o ritual.
Num sopro, como num sussurro, uma luz dourada surge-lhe na concha das mãos. Sente-a pulsar de vida, dançando luminosa. Sente-a cocegar-lhe a pele sedosa das mãos enquanto a embala carinhosamente, no silêncio da noite.
Com a sua voz clara e pura entoa uma canção. Uma canção sagrada, divina.
Uma canção que fala de flores, água, animais. De fogo, árvores, ar. De céu, terra e frutos. De homens e mulheres. Canção de Fé e Verdade. Canção de Amor.
É um presente, uma dádiva. Uma lembrança.
Lágrimas brotam dos seus olhos, rolam quentes e salgadas pelo seu rosto e ela solta a luz.
Com o seu coração cheio de esperança e amor, ela vê a sua pequena luz mágica flutuar com o vento, fluir harmoniosamente acima das águas cintilantes do oceano infinito.
Uma alma navegando rumo à sua experiência humana.